sábado, 11 de fevereiro de 2012

tecnologia Chinesa


Até a década de 1960, o Ocidente praticamente desconhecia a ciência chinesa. Umas poucas idéias circulavam entre os historiadores de astronomia, e havia algumas informações disponíveis sobre a botânica, a medicina, a física e a engenharia chinesas, mas em geral, a avaliação da cultura científica daquele país era lamentavelmente inadequada. Certamente havia algumas concepções errôneas bem difundidas, o que atribuía aos chineses quase todas as invenções e descobertas primitivas, ou, por outro lado, lançava dúvidas sobre prováveis contribuições dos chineses em qualquer campo de atividade.
O problema básico era a língua. Até pouco tempo, a maioria daqueles que sabiam chinês não era versada em ciência natural - dedicava-se a outros campos de atividade; mas agora, graças aos esforços de Joseph Needham, em Cambridge, e de seus colegas de todo o mundo, essa situação está se alterando. O trabalho desses estudiosos com treinamento científico ainda está incompleto, mas um breve resumo dos resultados até agora obtidos pode nos dar uma visão do desenvolvimento da ciência chinesa até o século XVII, quando ela se transformou irrevogavelmente, integrado-se na ciência universal.
Em 1582, o jesuíta Matteo Ricci chegou a Macau e, quase vinte anos mais tarde, aportou em Pequim. Ali, esse grande estudioso - ele era linguista, matemático, cientista - não apenas executou seu trabalho como missionário religioso, como também para ganhar a confiança da corte, expôs os primeiros resultados da nova revolução científica do Ocidente. Após a morte de Ricci, em 1610, outros missionários igualmente experientes em vários campos científicos assumiram a missão. A ciência chinesa não podia mais se manter com uma identidade distinta, e as realizações chinesas posteriores tornaram-se parte do cenário científico internacional.
Ao analisar a ciência primitiva dos chineses, os historiadores observaram uma vantagem, ausente no estudo da ciência de qualquer outro povo: a escrita chinesa. Os ideogramas exprimem uma idéia e não o som da palavra que representa essa idéia; portanto, a escrita chinesa permanece essencialmente a mesma, desde os tempos antigos, e assim, hoje, pode-se ler um texto primitivo com a mesma facilidade com que se lê um texto moderno.
Aparentemente, não há razões que expliquem a sobrevivência da escrita ideográfica no Extremo Oriente, mas o próprio fato de uma escrita alfabética nunca se ter desenvolvido nessa região representa algo que devemos considerar quando analisamos a ciência chinesa; isto é, estamos vendo uma explanação do mundo natural construída no âmbito de uma cultura muito diferente da nossa. É uma cultura que, por longo tempo, manteve-se, de certa forma, isolada do Ocidente e se desenvolveu quase por si mesma. Certamente, houve contato com povos de outros hemisférios antes e depois de Marco Polo no século XIII, mas eles eram raros e ocorreram em épocas em que chineses não encorajavam em absoluto a presença de estrangeiros.

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